
Tudo começa em 1994 quando o proprietário de uma Farmácia localizada no interior da Rodoviária de Volta Redonda cujo nome era Rododroga Farmácia Cometa Ltda., colocou a venda o estabelecimento comercial e um dos funcionários, Antônio Carlos junto com seus familiares ao saberem que a farmácia seria vendida, fez uma proposta de compra que foi aceita em 9 de setembro de 1994, a partir desta data a Rododroga Farmácia Cometa tinha novos proprietários. O Novo proprietário era o Sr. Amaro Ferreira que junto com seus filhos Antônio Carlos e Paulo Roberto passaram a trabalhar na farmácia sendo que o único que tinha experiência no ramo farmacêutico era o Antônio Carlos.
O Horário de funcionamento da farmácia era de plantão permanente de segunda a domingo das 7:00 ás 00:00 horas, este horário era obrigatório por estar localizada dentro de uma Rodoviária , e como todos sabem é um local que passa muita gente, indo e vindo, gente de todo tipo, e foi devido a este grande movimento que entramos em contato com uma realidade que passa despercebida pela maioria das pessoas; eram situações da qual vamos dar alguns exemplos:
Presenciamos o sofrimento de pessoas que passando mal não tinham dinheiro para comprar seus medicamentos, eram tantos casos de pais que chegavam com seus filhos com crise de asma e bronquite, naquela situação de falta de ar e quando dizíamos em quanto ficaria o preço dos medicamentos eles iam embora por não ter como comprar, pessoas sentindo dor em péssimo estado de saúde e não tendo os meios necessários para se tratarem, e tantos outros casos de pessoas que entregavam uma receita médica e quando fazíamos o orçamento a pessoa perguntava:
Qual é o mais importante?
E respondíamos: todos são importantes para o tratamento, então a pessoa falava:
– Vou levar só este aqui, pois os outros eu acho que tenho em casa.
Na verdade o que acontecia é que ela não tendo todo dinheiro necessário para efetivar a compra dos medicamentos prescrito na receita, ficava constrangida, e usava o recurso de dizer que já tinha em casa algum medicamento.
E assim foi que Paulo Roberto, sendo sensível ao sofrimento de tantas pessoas quis fazer algo para poder ajudar, e de início pesquisou para saber se existia algum trabalho social nesta área e nada encontrou, então começou a idealizar uma forma de baratear os custos dos medicamentos para a população, e a primeira ideia era de vender pelo mesmo preço que uma farmácia comprava das distribuidoras e laboratórios, e foi assim desenvolvendo o projeto, e com os conhecimentos que tinha por esta trabalhando neste ramo, fez estudos, análises, vendo o que poderia ser feito, desenvolvendo teorias, metodologia e aplicação prática, e já em 1997 estava pronto um contrato denominado “Contrato de Fornecimento” que era o ponto de partida para que os medicamentos pudessem ser vendidos pelo menor preço possível, os estudos continuaram para melhorar o projeto ainda mais, e muitas coisas novas surgiram neste período, pois ao lidar diariamente com novas situações surgiam outras ideias que poderiam ser aplicadas a um trabalho social. Começamos também a guardar matérias que saiam em jornais e revistas que seriam úteis a população para o esclarecimento e informação, entre as novas ideias, uma surgiu de um acontecimento que poderia ter tido um desfecho trágico da qual relatamos:
Já eram 22h30min quando adentrou a farmácia um rapaz passando mal e de posse de uma receita médica perguntou se tínhamos o medicamento prescrito pelo médico, como era de costume Paulo Roberto sempre atendia os clientes dando uma atenção especial e conversando com o cliente perguntando o que ele sentia qual era o seu problema de saúde etc. e foi assim que nesta conversa o cliente relatou que tinha um grave problema no rins, e dispondo do medicamento para venda se recusou a vender; abaixo segue o diálogo:
(Paulo) Espera um pouco me deixa só confirmar uma informação, e lendo a bula, respondeu não vou te vender o medicamento.
(Cliente) Mas por quê? Eu tenho dinheiro para pagar
(Paulo) Não se trata disso, o que você acabou de me contar, que tinha um grave problema nos rins e ao ler a bula só queria confirmar uma informação que suspeitava, e mostrando a bula para o cliente em letras grandes e grifadas, dizia que uma pessoa com o mesmo problema nos rins apresentado pelo cliente era terminantemente proibido a utilização deste medicamento, pois causaria o óbito.
(Cliente) Meu Deus!
(Paulo) Quem é o médico que te receitou este medicamento, onde consultou?
(Cliente) Consultei no SUS, eu disse para o médico o que estava sentido, ele nem sequer me examinou e simplesmente passou esta receita e mandou comprar na farmácia, a consulta não durou 10 minutos.
(Paulo) Infelizmente isto acontece, a saúde neste país não é levada a sério, e se você tomasse este medicamento seria seu fim.
Desta experiência, veio a ideia mais tarde de criar o cartão digital onde a pessoa pudesse levar consigo as informações sobre sua saúde, de modo a informar aos médicos ou em casos de urgência, ou durante um socorro poder ter suas informações sempre disponíveis. E o cartão digital vinha de encontro ao que queríamos e descobrimos que este seria o material ideal quando nos chegou ao conhecimento uma matéria do “O Globo” – Caderno de Informática, segunda-feira 26 de outubro de 1998 cujo título era “Um cartão de visitas que roda quadradinho no PC. E assim foram surgindo novas perspectivas em que iriam melhorar ainda mais este projeto. E os estudos continuaram sendo feitos, aprimorando e visando atuar de maneira mais abrangente na área de saúde.
Mas em Agosto de 2003 a Rododroga Farmácia Cometa Ltda. foi vendida e seus proprietários foram trabalhar em outros ramos de atividade, mas o idealizador mesmo indo trabalhar em outra área continuou o projeto, pois sabia da importância deste trabalho e em Dezembro de 2003 criou uma animação cujo objetivo era facilitar o entendimento sobre os medicamentos, e fazendo uma analogia entre o preparo de uma Laranjada e a produção dos medicamentos era explicado o que é princípio ativo, as etapas de testes que passa um medicamento, a diferença de preços etc., até chegar às Farmácias e Drogarias, e junto a proposta do trabalho social desenvolvida até então, que recebeu o nome de ONG Farmacêutica; por menos conhecimento que alguém tivesse a respeito de medicamentos ao assistir esta animação passaria a entender bem mais.
Após isto era necessário convidar pessoas a participarem deste trabalho, e ai você convida uma grande quantidade de pessoas, e descobre que são bem poucos os que aparecem realmente para ajudar, mas estes poucos que tiveram a boa vontade foram fundamentais para que o projeto da ONG Farmacêutica continuasse. Com a animação já pronta criamos um vídeo aprofundando um pouco mais sobre a proposta da ONG, e a animação foi parte integrante do vídeo que continha as ideias, objetivos e mais informações sobre o mercado farmacêutico. Como todos os que participaram na produção deste vídeo trabalhavam e tinham suas ocupações só restavam apenas os finais de semana para o desenvolvimento e filmagens. Reuníamo-nos aos sábados e domingos muitas das vezes acordávamos de manhã bem cedo no domingo para ir a casa onde eram feitas as filmagens, não éramos profissionais da área de vídeo, mas tínhamos muito boa vontade e disposição para com o projeto da ONG, e assim depois de mais de seis meses de muito trabalho e dedicação conseguimos finalizar o vídeo, um vídeo amador, foi o melhor possível que podíamos produzir dentro de nossas condições.
A ideia deste vídeo surgiu por que precisávamos divulgar o Projeto da ONG Farmacêutica, e como faríamos para que todo o trabalho desenvolvido até então chegasse ao conhecimento público, não tínhamos recursos financeiros para fazer uma grande divulgação em mídia impressa, rádio ou televisão e também queríamos um retorno, pois era fundamental fazer uma pesquisa de opinião para avaliar os resultados, as dúvidas e as questões levantadas sobre o nosso projeto. Daí surgiu à ideia das Pastas, que seria o ideal, pois seriam disponibilizados nas casas das pessoas, em sindicatos, escolas, comércio, etc. para apreciação.
Ao Todo produzimos 100 pastas confeccionadas pelos próprios membros da ONG cujo material era uma pasta plástica forrada de feltro com uma alça e um adesivo com o logotipo da ONG Farmacêutica. O conteúdo era o vídeo em DVD ou Fita VCR, pois na época muitos não tinham aparelho de DVD, além de uma matéria do Jornal O Globo cujo titulo era “Remédio iguais preços diferentes” e uma matéria da Revista “Riopharma” publicação voltada para o ramo Farmacêutico com titulo ”Deputados quebram sigilo fiscal de 21 laboratórios” e uma ficha de inscrição; e essas matérias ratificavam tudo aquilo que era mostrado no vídeo e na animação; além das pastas com DVD e Fitas de Vídeo Cassete produzimos um CD-ROM, e criamos um site na internet para que pessoas de outras cidades tomassem conhecimento da proposta desta ONG. E nos locais onde estavam disponíveis as pastas era colocado um cartaz e nos outros locais o cartaz fazia referência ao site na internet.ee

Depois das pastas com a apresentação em vídeo e o material de divulgação ter chegado ao conhecimento da população, a conclusão que chegamos foi que a aceitação era muito grande, sendo levado em consideração todas as respostas ao nosso trabalho, muitos destacavam que o medicamento a preço de custo impediria que o tratamento não parasse por falta de dinheiro, pois iriam despender menos recursos.
Outras opiniões levantaram a questão da diferença de preço; muitos não sabiam que a diferença podia ser tão grande, outros também desconheciam que os medicamentos eram tabelados e questionaram o porquê da diferença de preço de uma farmácia para outra. Foi levantada também a questão, que a grande maioria da população não sabia da existência do medicamento similar e muitos elogios foram feitos aos outros objetivos como a doação de medicamentos e o cartão digital etc.
Cada opinião atentava para a importância de cada um dos objetivos. Desta forma o passo seguinte foi a criação da Organização Não Governamental Farmacêutica com a participação de todos que ajudaram este projeto desde o início, e em 03 de outubro de 2005 foi realizada a Assembléia de Fundação da ONG FARMACÊUTICA e votação do Estatuto.
O registro em cartório, durou muitos meses para ser concretizado, com tantas idas e vindas, correções e inúmeros Reconhecimento de Firma e Autenticações e muito outros gastos, tudo foi finalmente registrado em cartório em 27/10/2006.Uma burocracia enorme que só atrapalha.
A primeira sede da ONG Farmacêutica foi na casa de um dos seus membros participantes e no ano de 2006 também fizemos a inscrição no CNPJ. A partir de então era chegada a hora de buscar patrocínio e apoio para a ONG Farmacêutica colocar em prática todos os objetivos propostos.
Criamos uma espécie de Mala que nada mais era do que um portfólio, que continha tudo o que foi feito até então e os novos projetos para apreciação, tudo de forma a tornar fácil o entendimento, sendo que na parte frontal vinha a mensagem “EXISTE REMÉDIO PARA O BRASIL?” uma pergunta que levantava a questão de que em um país onde existe tanta corrupção, violência, incompetência, e uma classe política que não representa e nem luta pelos interesses do povo, se haveria uma solução para os problemas do Brasil.

E começamos a agendar e fazer visitas as empresas e pessoas que poderiam ajudar neste trabalho, a primeira dificuldade era conseguir um tempo para nos atender, quantas vezes já com encontro marcado e depois de esperar muito tempo para ser atendido mandavam voltar outro dia, e essa situação se repetiu várias vezes, e depois de apresentar todo o trabalho diziam: Um trabalho muito bom, mas no momento estamos muito atarefados, e não podemos ajudar, outros simplesmente falavam que entrariam em contato, mas a resposta nunca vinha. O problema de esperar, é que quem sofre com uma doença e não tem condições financeiras de comprar seus medicamentos não pode esperar.
E nesse vai e vem nos foi apresentado um empresário morador da Cidade do Rio de Janeiro, que agendou um contato e então fomos apresentar o projeto, depois de muito elogiar o trabalho, disse que iria patrocinar, mas o patrocínio seria vinculado se houvesse mudanças no projeto da ONG, as mudanças sugeridas iriam descaracterizar todo o trabalho, então não aceitamos, passado muitos meses esta pessoa volta a nos procurar e vem com outra proposta que apoiaria o trabalho mas o foco era que a ONG Farmacêutica estivesse ligada a um político, a ONG seria um tipo de cabo eleitoral, e a resposta foi de novo um não.
E ainda no ano de 2007, pensamos que se um trabalho que é voltado para a área de saúde tão carente em nossa cidade como no resto do país, nada mais lógico de que levar ao conhecimento daquele que governa nossa cidade,e porque este trabalho foi um movimento social iniciado em sua grande maioria por moradores de Volta Redonda. Então escrevemos uma carta solicitando uma oportunidade para mostrar tudo o que estávamos fazendo e esta carta foi entregue no gabinete do prefeito e nunca obtivemos uma resposta.
A conclusão a que chegamos depois de tantos não e de esperar respostas que nunca vieram e propostas com segundas intenções, era que a ONG Farmacêutica só continuaria se aqueles que acreditassem no projeto pudessem se unir e assumir os custos, e desde esta data começamos a fazer uma poupança com o que cada um podia cooperar.
Um fato ocorrido chamou a atenção da importância deste trabalho Social, no ano de 2007, foi constatado que o Sr. Amaro Ferreira pai de Paulo Roberto estava com mal de Alzheimer, e ao verificar os custos dos medicamentos que eram exorbitantes e de uso continuo que tornava inviável manter o tratamento, o recurso foi entrar com uma ação na justiça para que o Estado e Município fornecessem os medicamentos, e depois de muita luta foi aprovado. Este é um direito constitucional que a maioria das pessoas desconhece, que quando um medicamento for de alto custo o Estado e o Município é obrigado a fornecer, e a partir de então fez parte da pauta de trabalho da ONG Farmacêutica, ensinar o passa a passo de como obter este direito, com a participação de advogados voluntários que se dispuseram a ajudar.
Nos anos seguintes 2008 e 2009 aprimoramos ainda mais o trabalho e começamos uma campanha de doação de medicamentos, dentre os estudos feitos verificamos que era preciso fazer um controle sobre estes medicamentos e ao pesquisar um software que pudesse fazer este controle, verificamos que os programas para a área de farmácia era voltado para o comércio e não encontramos nenhum que pudesse nos atender, principalmente porque a ONG Farmacêutica tinha criado uma forma de trabalho inédita que não estaria presente em nenhum programa de computador, foi assim que coube aos participantes da ONG desenvolver um Software próprio que faria todo o gerenciamento e controle de tudo idealizado até então. Este Soft recebeu o nome de “CONTROLE”.
O trabalho seguiu e começamos a desenvolver a partir de então como deveriam ser as instalações e como seriam passados para a população todos os objetivos, então a idéia foi de usar quadros informativos que a pessoa ao chegar a sede da ONG já ia se familiarizando com o que estava sendo feito.
Iniciou-se então a procura de um imóvel para locação, com a falta de imóveis comerciais para locação em Volta Redonda e os que estavam disponíveis era cobrado um preço abusivo, o que nos restou a fazer foi alugar uma sala no 4° andar de um edifício comercial em 21 de maio de 2010, o estado em que estava a sala era péssimo, não tinha piso, fios de eletricidade a mostra, paredes sujas e rachadas com infiltrações, banheiro sem pia e com vazamento no teto vindo da sala do quinto andar etc. Era chegada a hora de começar a reforma, surgia um novo problema, não se encontrava pedreiro para fazer a obra de reforma, todos os que entravamos em contato já estavam com muito serviço, e isto era um fato que ocorria em todo país, a falta de mão de obra na construção civil. Depois de tanto procurar conseguimos um para realizar o serviço sendo que a parte hidráulica, a elétrica e pintura foi feita mais uma vez pelos membros da ONG, o passo seguinte era mobiliar e fazer as prateleiras, balcão, armários etc. e usando de muita criatividade foi tudo sendo feito outra vez pelos nossos membros. Hoje quem vê a nossa sede comenta que está tudo tão lindo que era digno de aparecer em um programa destes de televisão onde as reformas são feitas e mostram o antes e o depois, mas isso tudo só ficou pronto dezembro de 2010.
Com a nova Sede pronta, a próxima etapa era procurar uma contabilidade para iniciar as regulamentações que faltavam, como já dispúnhamos do CNPJ damos entrada para conseguir a Inscrição Estadual, como este procedimento era feito de forma automática com o preenchimento dos dados em um formulário eletrônico ocorreu um problema, a Receita Estadual não aceitava a regularização como uma ONG sem fins lucrativos, só passava como entidade privada e comercial, o que não era, depois da contabilidade entrar em contato com vários responsáveis da receita estadual veio a explicação que deveriam ser feitas mudanças junto a Receita Federal, e em Janeiro de 2011 demos entrada para fazer as mudanças solicitadas, para aqueles que não sabem, para você ser atendido na Receita Federal tem que fazer um agendamento antes, e encontrar uma data para ser atendido pois eles só atendem a poucas solicitações por dia, se repetia de novo a velha história era feito o agendamento, fazíamos as mudanças, agendava-se de novo para ser atendido e pediam novas mudanças que eram feitas e reagendava tudo de novo; entre um atendimento e outro levava de 30 a 40 dias e por fim só ficou tudo liberado em Dezembro de 2011, exatamente um ano, de janeiro a dezembro de 2011 para conseguir fazer as alterações e conseguir que a ONG Farmacêutica fosse registrada como Entidade Social sem fins lucrativos.
Absurdo
O passo seguinte era a regularização junto aos órgãos do ramo farmacêutico, procuramos um farmacêutico para ser o responsável técnico da ONG Farmacêutica, e com toda documentação exigida em Fevereiro de 2012 demos entrada para regulamentação, de inicio é obrigatório a contratação de um farmacêutico com carteira assinada pagando o piso da categoria que era de R$1.718,70 e outras taxas como:Inscrição pessoa Jurídica, Assunção Responsável Técnico, Contribuição Sindical Urbana, Anuidade da Pessoa Jurídica,Taxa de Vistoria da Documentação, sendo que com exceção da última, todas as outras são cobradas anualmente, e são caras. Estas taxas foram pagas em fevereiro mesmo para que tudo andasse mais rápido, surge o primeiro absurdo O CRF- RJ (Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro) queria cobrar além da anuidade de 2012 cobrar a anuidade do período de 2005 a 2011, um valor altíssimo, uma cobrança descabida, eles não poderiam cobrar isso pois não tínhamos a regulamentação para trabalhar como farmácia e o período em questão referia apenas a formação de uma ONG, nos exigiram os comprovantes de imposto de renda que provasse que estávamos sem atividade o qual foi apresentado e aceito, parecia então que tudo seria rápido e não foi, tivemos que esperar que o Conselho julgasse e aprovasse nosso trabalho depois de repetidas vezes dar explicações sobre o projeto cuja autorização saiu em 22 de Agosto de 2012 e durante todo este tempo ficamos pagando o salário do farmacêutico além de todos os encargos trabalhistas sem poder funcionar, se isso já pesaria no orçamento de uma empresa imagina de uma ONG. Depois foi conseguir a aprovação da Vigilância Sanitária de Volta Redonda e por último após o pagamento de mais taxas era emitido o Alvará e Licença de Funcionamento em Novembro de 2012.
Melhor Resposta
Depois de tantos entraves, taxas, atrasos e burocracia para liberar o funcionamento de um projeto social não encontramos melhor resposta do que esta de uma filósofa judia, russo-americana que se encaixa perfeitamente na sociedade brasileira atual.

Proposta Indecente
Ainda durante este período de liberação das atividades em 2012, um representante de laboratório Farmacêutico veio nos procurar, querendo saber sobre a ONG, depois de tudo explicado e elogiar o trabalho fez a seguinte proposta: que conseguiria um apoio financeiro para a ONG se caso déssemos sempre preferência em vender os medicamentos do referido laboratório o qual ele representava, a resposta foi um sonoro e redondo não, se a função primordial era baratear os custos dos medicamentos, fazer a comparação de preços para saber qual laboratório forneceria mais em conta o medicamento, etc. ter que empurrar o medicamento de um laboratório especifico só porque estaria nos ajudando, era na verdade jogar fora o trabalho de muitos anos, que com certeza se conhecesse a luta a dignidade e seriedade daqueles que tocavam este empreendimento veria que esta proposta nunca seria aceita.
Discriminação I
Tudo pronto chegava o momento de buscar as distribuidoras de medicamentos para serem nossos fornecedores, surge um novo problema as distribuidoras nunca tinham trabalhado com uma entidade social que comercializava medicamentos, achavam que ONG só doava medicamento, que caso fosse feita uma venda de remédios para a ONG Farmacêutica quem se responsabilizaria pelo pagamento, além de um preconceito que já existe contra as ONGs, estas distribuidoras por mais que entrássemos em contato, mandássemos toda documentação exigida para cadastro eles não aceitavam, mas depois de muito insistir conseguimos driblar a desconfiança, e hoje as maiores e melhores distribuidoras de medicamentos do país são nossos fornecedores.
Discriminação II
Outra discriminação ocorreu quando tentamos abrir uma conta corrente para a ONG Farmacêutica, no Banco ( S ) a resposta foi: não abrimos conta para ONGs, Igrejas, Entidades Sociais etc. no Banco ( I ) depois de enrolar por 3 meses eles se recusaram a abrir a conta, pois exigiam mais documentação do que os próprios órgãos reguladores do ramo farmacêutico, no Banco ( M ) a resposta foi: nós só temos interesse de abrir conta para comércio, ou empresas que fazem vendas com grande movimentação de dinheiro. No Banco ( B ) a resposta foi: que momentaneamente não estavam abrindo este tipo de conta, e por fim o único que se dispôs a abrir uma conta corrente para a ONG Farmacêutica foi o Banco do Brasil.
Diz o ditado…
Diz o ditado que quer conhecer realmente uma pessoa lhe de dinheiro e poder, na verdade não precisa chegar a tanto basta assinar sua carteira de trabalho. Enfrentamos os mesmos problemas que a maioria das empresas passam, funcionários que antes de fichar são uma coisa, mas depois da carteira assinada se transformam, certos valores trazemos de berço e alguns outros se adquirirem pelo bom proceder, infelizmente os que por aqui passaram em maior ou menor grau só atrapalharam o trabalho. Diferente daqueles que nada recebem, que são os voluntários, ajudam pelo simples fato de acreditar no projeto, pessoas que se dedicam diariamente em engrandecer o trabalho e ajudar a quem precisa, pessoas como exemplo de uma arquiteta que fez a planta das instalações da ONG sem cobrar absolutamente nada e disse: essa é a minha contribuição, outro que fez o layout do nosso panfleto e outros que foram surgindo cobrando pouco ou quase nada, para ajudar, e alguns comerciantes que quando sabiam que se tratava de um projeto social faziam um preço menor, isto é para provar que ainda existe gente boa neste mundo.
Visão Distorcida
Para manter este projeto cobramos uma taxa mensal de R$10,00 sendo que a pessoa que se torna sócio, pagando este valor pode colocar até 5 dependentes sem nenhum acréscimo extra. A ONG Farmacêutica é uma obra social como tantas outras que existem no Brasil como APAE, LBV, AACD etc. que também cobram uma taxa para poder se manter, mas certas pessoas, uma minoria, querem saber quanto custam os medicamentos para saber se compensa se associar; é uma visão distorcia, pois o ideal seria contribuir por acreditar na importância social do trabalho e não visando o lado financeiro, isto mostra que não compreenderam a finalidade da ONG Farmacêutica, e demonstra o quanto são egoístas que só tem olhos para o próprio umbigo.
Para responder a essa pergunta damos o exemplo de um associado que se fosse comprar seus medicamentos sem nenhum desconto, a preço de tabela nas farmácias e drogarias convencionas gastaria R$ 531,78 e ao comprar na ONG gastou R$ 290,91 em uma única compra economizou R$ 240,87 e pagou para ter direito a isso somente R$10,00 ai surge os seguintes comentários: economizamos tanto com a compra dos medicamentos que vocês poderiam cobrar mais do que R$10,00 e não o fazemos por que independentemente de quanto o associado ira comprar de medicamento o preço é sempre o mesmo, afinal de contas o que fazemos é um trabalho social e não comércio.
De duas uma
Com a ONG já em funcionamento, por vezes pessoas entravam para se informarem a respeito do trabalho social, e nos questionavam se tínhamos licença para funcionar se podíamos vender medicamentos a preço de custo e a resposta era sim, a verdade é que não queriam esclarecimentos mais sim discutir e criar confusão, surge a questão de duas uma, ou é maluco, pois só assim justificaria ser contra uma entidade social, ou veio a mando de alguém.
Forças ocultas
Causa também estranheza quando a ONG se propõem a fazer convênios com empresas e determinados órgãos públicos e isso nunca acontece, mesmo sabendo que seus funcionários seriam beneficiados pelo preço mais baixo dos medicamentos ofertados pela ONG Farmacêutica, estranho, muito estranho…
Com certeza este trabalho contraria muitos interesses, existem verdadeiras máfias no ramo farmacêutico, e a ONG luta para defender os direitos da população.
Conseguimos o que eles não conseguiram
Muitos projetos para diminuir os altos preços dos medicamentos foram feitos, o Governador do Estado do Rio de Janeiro ANTHONY GAROTINHO em 16 de Março de 2001, sancionou a lei Nº 3542/2001 que concedia descontos na aquisição de medicamentos nas farmácias instaladas no Estado do Rio de Janeiro para consumidores com mais de 60 (sessenta) anos, na seguinte proporção:
a)- Consumidores de 60 a 65 anos – 15% de desconto;
b) – Consumidores de 65 a 70 anos – 20% de desconto;
c) – Consumidores maiores de 70 anos – 30% de desconto. E acabou que esta Lei foi revogada pouco tempo depois de ser sancionada.
Outro projeto do então Senador Marcelo Crivela, para que os segurados do INSS pudessem comprar medicamentos a preço de custo ( Lei 181/2010) pelo texto, os beneficiados devem estar em tratamento contínuo de alguma doença, na rede publica de saúde, para usufruir do direito, esta lei foi rejeitada pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado em 4/09/2013.
Já o trabalho desenvolvido pela ONG Farmacêutica é aberto a todos independente de idade, condição social etc. qualquer pessoa pode se cadastrar e comprar os medicamentos a preço de custo.
Não existe dinheiro que pague
Algo Mais
Depois de um tempo fomos informados que o caso da senhora com câncer mencionado acima, que era um câncer grave; ela acabou se curando, a quimioterapia, radioterapia e todos os outros tratamentos utilizados neste caso ajudaram, mas com certeza a boa vontade, daquelas pessoas que doaram os medicamentos a ONG para serem doados a esta senhora, vieram com uma energia tão positiva que contribuiu para sua cura, existe sempre um algo mais que pode fazer a diferença para quem acredita.
Considerações Finais
Desde 1997 até o ano de 2013, são ao todo 16 anos, de muita luta, superando obstáculos, usando de muita criatividade, fé e força de vontade para conseguir enfim a materialização deste trabalho que é de fundamental importância para a população, temos ainda muitos desafios pela frente e contamos com apoio e a participação de todos aqueles que lutam por uma sociedade mais justa e solidária, que acreditam que o ser humano deve vir em primeiro lugar e não o dinheiro.
Muito Obrigado
ONG Farmacêutica.